segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Poema moderno

Nunca estivemos tão conectados
A felicidade vem de banda larga,      
E embora eu ande a duras penas por essas bandas
Minha satisfação ultrapassa os cinco gigas.
                                
Como nós dois estamos próximos
A alguns quilômetros de distância
Sua fonte arial doze denota seu sentimento
E na webcam vejo sorrisos de propaganda de refrigerante
É bom o tédio coletivo
É bom evitar o frio e o medo.

Nunca estivemos tão livres
E escolhemos por opção a bolha
Como a bolha é quentinha!
Como a bolha é confortável!
Como a bolha é conveniente!
Pensar e viver na bolha!
A bolha que me embala como minha mãe fazia.
Eu nunca, jamais quero abandonar a bolha!

Nunca compartilhamos tanto como agora
Arquivos de rar., doc. e torrent
De alta extensão
Só não compartilhamos o coração,
Corações são perigosos
Podem conter cavalos de tróia.

Alegria é viver no mundo moderno
Eu adoro o mundo moderno
Eu amo o mundo moderno
Eu venero o mundo moderno
O mundo moderno me dá tesão
Eu quero transar com o mundo moderno
Ejacular na poluição
(Mas sem me apaixonar
O amor está tão fora de moda!)

Nunca estivemos tão conectados
Nunca estivemos tão separados
Nunca estivemos tão livres

Nunca estivemos tão presos.

Rafael Lima Miranda

Início do blog

Olá a todos! Esse é o marco inicial de meu novo blog. Vou utilizar esse espaço para postar alguns de meus poemas e outras informações que eu julgue relevantes. Para abrir esse espaço vou postar um poema novo, feito nesse início de ano e que surgiu de um ditado popular.








http://images.imagensdeposito.com/fotos/a/andorinha_voando-2340.jpg

Andorinha
Rafael Lima Miranda

Se uma andorinha só não faz verão
Uma somente fez gigante inverno
E foi semente de um caos eterno
Pela avenida do meu coração.

Ave semeadora de ilusão,
Ela me destilou um beijo terno
E voou pelo meu pensar interno
Pra depois me atirar à solidão.

Mas quando ela voou para outro canto
Algo dela ficou de tatuagem;
Um corte em mim, profundo e sempre exposto.

Agora estou sofrendo sem o canto
Que tem minha andorinha de alva imagem;
Sem ela amargo o sótão do desgosto.